segunda-feira, 16 de junho de 2008

“ A beleza é uma carta de recomendação a curto prazo.”




Paris, o pastor de ovelha, que para infelicidade de Tróia se tornaria seu príncipe, não pensava assim e não hesitou em escolher entre as deusas do Olimpo que se apresentaram em disputa, aquela que o presenteou com a mulher mais bela do mundo, Helena, esposa do rei de Esparta.
As três figuras litigiosas em questão eram: Afrodite, deusa do amor, Atena, deusa da guerra e da sabedoria e Hera, a rainha dos deuses, esposa de Zeus. O filho de Príamo desprezou um reinado de riqueza, desprezou toda sabedoria que pudesse usufruir e como as meditações barrocas ainda não haviam chegado ao espírito do jovem pastor, ele arrastou com sua insanidade um povo inteiro à destruição total, escolhendo Afrodite como a vencedora.
A verdade é que a nossa preocupação cotidiana com a beleza mesmo não consistindo em disputa tão inusitada, também traz no seu bojo esse desejo inconstante que tanto torturou as deusas gregas. É fato indiscutível: ninguém quer ser feio, apesar de a beleza ser efêmera, passageira, transitória, fugaz como a folha seca da árvore que a leve brisa do mar leva em seu caminho sem rumo... Não foi Vinícius de Morais que disse: “O feio não ama o feio e isso é trágico.” A própria natureza vincula ao belo, o bem-estar físico e moral e dessa união poucos escapam. A boa aparência é sinal de saúde, ser bonito é ser venturoso. A sociedade é reflexo indiscutível desses conceitos em seus hábitos, costume e ralações interpessoais: os bonitos são mais bem tratados e tolerados e todos querem ser bem tratados...
Entretanto a beleza física, além de ser passageira, ela nem sequer pode ser considerada axiologicamente “algo” no reino das virtudes morais ou espirituais. O maior erro da sua super valorização está na banalização dos valores éticos e na superficialidade viciosa, criando uma cruel inversão de valores na sociedade. Mastigando esses conceitos, quanto mais superficial forem as pessoas maior será o valor dado a aparência das coisas, mais verdadeira parecerá a enganosa visão do lobo tranqüilo próximo ao cordeiro.
Realmente não vale apena se atormentar tanto diante do espelho ao ponto de tornar sua vida um calvário. Narciso estava errado ao passar a maior parte do seu tempo a contemplar a própria beleza ao ponto de esquecer-se de si mesmo, não seja como Narciso, faça de sua preocupação com o belo, também fonte de busca para os valores morais, esses sim, virtudes reais, que trazem ao ser humano a beleza permanente, que faz de nós, semelhantes a Deus e nos torna eternamente belos.

Um comentário:

Unknown disse...

mto bom! ponto pra vc! rs