domingo, 27 de julho de 2008

A linguagem literária e a mensagem bíblica

Quem realmente entende a mensagem bíblica? A variedade de explicações e interpretações contraditórias responde que bem poucos...
A primeira dificuldade de um texto religioso é o assunto propriamente dito, distante do cotidiano das pessoas, exige, às vezes, até conhecimento preliminar de filosofia, teologia, história e gramática. A segunda dificuldade tão grande ou maior que a anterior é o emprego da linguagem literária, caracterizada pela polissemia de significados, usada para transmitir ao receptor as verdades essenciais da fé. A terceira dificuldade é o tipo de receptor, a pessoa que irá receber a mensagem, pois se o texto não possuir adequação `a capacidade cultural e intelectiva de quem se destina, também terá um resultado ineficaz. Em um texto secular essas três características são como muralhas intransponíveis para um leitor comum...
Quem escreve deve conhecer o assunto, o público ao qual ele se destina e a linguagem mais adequada à compreensão de quem lê. É de suma importância ter em mente esses conceitos ao elaborar qualquer texto e no texto religioso cuja dificuldade de entendimento é sempre maior, deve ser redobrada essa atenção.
Entretanto ao se lê a Bíblia parece que nem de longe essas normais foram respeitadas, o abundante uso de figuras de linguagem e o léxico conotativo deixam no leitor uma angustiante sensação de dúvida.
As parábolas de Jesus eram tão incompreensíveis que até seus seguidores mais íntimos sempre faziam consultas posteriores acerca do significado correto. Quando o assunto era algum problema teológico aí a coisa ficava mais feia, já que a linguagem não limitava o campo semântico, todos dependendo do local e da cultura onde o assunto era ensinado compreendia segundo suas necessidades e interesses.
Judas, talvez, para alguns historiadores e teólogos , tenha sido vítima dessas interpretações dúbias e flutuantes, confundido o líder espiritual com o líder militar, infelizmente o apóstolo confuso descobriu o seu erro tarde demais, não entendendo que quando Cristo falava meu reino não é desse mundo, falava literalmente pelo menos em relação àquela época, (aí, já segundo a exegese católica), não teria arruinado sua existência, despedindo-se tragicamente do mundo, tendo apenas uma árvore e um precipício como testemunhas de sua solidão. Sim, triste fim, causado por apenas um erro de interpretação? Não. Não mesmo! Iscariotes teve oportunidades de sobras para entender, se não ao menos as palavras do mestre, no mínimo suas ações. E nem a mais confusa linguagem literária justificaria a atitude infiel do discípulo...

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